Depois do Primeiro, era no minimo justo que publicasse o texto que deu nome ao meu blog.
É da autoria de uma amiga que me é muito querida, que vou obviamente manter no anonimato, pelo menos até ela me autorizar a revelar a sua identidade. Só espero que ela não se zangue comigo! Publicá-lo-ei da forma mais fiel que me for possivel ajustar a formatação de um texto manuscrito.
* Silêncio *
Tento adormecer, mas o estrondoso ruido do vento insiste em trazer-me de volta.
Mais um dia que me embarca.
Saio. O frio gela-me o corpo, mas como que determinada, continuo meu caminho. Gritos; ruido; dor. Estrondecem-me por dentro. Todos aqueles que comigo se cruzam e me falam, sem nada dizer. E eu continuo a ouvi-los. Sem os ouvir...! Silêncio...!
E porque eu falo comigo. E tu sabes que comigo não estou só.
Os «porquês» dividindo-se, desfragmentando-se, morrendo..., renascendo em cada memória. Porquê? Porquê?
Às vezes penso se algum dia se encontrarão respostas. Ou se elas existem. Talvez. Não as procuro.
Tento esconder-me de algo, enfrentar o que não vejo. E a calçada continua a sua blasfemea sobre o meu lento andar...
Mas quando a luz me deixa..., a magia regressa... e eu me sento. Respiro. E converso comigo, como com ninguém. E me entendo, como ninguém. E me rio, como com ninguém. E me escondo. Sem tréguas.
Onde estás tu, meu Anjo, enquanto te falo? As tuas palavras tiram-me uma vez mais a coragem e não me controlo mais. Porquê? Porquê contigo?
Haverá sonhos para além deste mar? Sorrirás? Sim, decerto..., mas rogo-te que para breve. É mais forte que eu. És tão mais importante que eu...
E não suporto a dor da tua. Das tuas palavras... tão vazias, como esta mensagem.
Ouves-me tu hoje, como antes? Já não o afirmo, como um dia...! Grito-te, talvez em vão, mas é inevitável. Digo-te, a medo, aquela palavra começada por «d» que nada gostamos. E a redigo. E a volto a dizer, sem fim.
Mas talvez o tempo nos engane... e o sufoco de te perder como te tive um dia, no inicio, possa cessar...!
Talvez apenas um engano. Um pensamento. É cedo. Concordas? Demais, por certo.
E alegrar-me-ei... e continuo. Neste mundo mágico que me transcende, me domina, entrega e me leva fortemente para longe. Silêncio!
(c) 30.07.02